A complacência, a miopia e o caos nos ônibus. Por Joaquim Onésimo Barbosa

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A complacência, a miopia e o caos nos ônibus. Por Joaquim Onésimo Barbosa

Há, parece-me, uma certa complacência – para não dizer algo mais – entre a prefeitura, a secretaria responsável pela regularização e condução dos transportes urbanos, os órgãos fiscalizadores e as empresas de transportes coletivos de Santarém.

Não bastassem os ônibus em péssimas condições, velhos, imprestáveis até – que não fazem jus ao valor cobrado – as empresas não parecem respeitar os passageiros que se servem unicamente de transportes coletivos.

Joaquim *

De volta ao trabalho, valho-me de ônibus. E o que tenho visto não são apenas ônibus sujos, sem qualquer higiene, principalmente levando em conta esse tempo de pandemia, mas também ônibus sem a identificação – se é que aquilo se pode chamar de identificação – para orientar os passageiros.

Tenho presenciado senhores e senhoras idosos perderem ônibus porque não conseguem visualizar, mesmo numa distância razoável, a linha que esperam.

 

Para quem enxerga minimamente bem, como eu, a dificuldade é enorme, imagine idosos e pessoas com qualquer problema ocular. O problema é bem maior quando o ônibus vem na direção contrária ao sol, que reflete no painel de “sinalização”, impossível enxergar de qual linha/bairro se trata.

É certo que as autoridades responsáveis pela fiscalização dos transportes, sem contar o gestor público, seus secretários e os donos de empresas de transporte coletivos, não se servem de ônibus para se deslocaremao trabalho ou para fazerem o seu tour pela cidade.

Mas a maioria da população, essa maioria de eleitores que servem de ponte para jabutis aventureiros se apinharem no poder, se serve diariamente, e tem-no unicamente como meio de locomoção.


“Se não querem gastar com sinalizadores de qualidade e duradouros, não custa nada comprar cartolina”


Sujeita-se às péssimas condições, cala-se diante do desrespeito do poder público, das empresas de transporte e dos órgãos fiscalizadores, que parecem coniventes com a situação. Silenciando, consente o prolongamento desse tipo de desrespeito, que não é novo, e piora a cada dia, e não parece ter previsão para acabar.

O poder público, pelo menos nesse período que se aproximam as eleições, deveria CRIAR VERGONHA NA CARA, fazer um esforço em respeito à população e pedir gentilmente, sem magoar os amigos empresários do prefeito e secretários, para darem um jeitinho nos sinalizadores de ônibus, já que, pelo que se vê, é impossível colocar à disposição da população transportes novos.

Se não querem gastar com sinalizadores de qualidade e duradouros, não custa nada comprar cartolina, escrever com letras garrafais o nome da linha de ônibus e afixar em local visível ao passageiro.

Seria o mínimo.


— * Joaquim Onésimo F. Barbosa é professor. Doutor em Sociedade e Cultura na Amazônia.

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2 Responses to A complacência, a miopia e o caos nos ônibus. Por Joaquim Onésimo Barbosa

  • O povo reclama demais, os ônibus da empresa que ganhou o processo licitatório são excelentes.
    *contém ironia

  • Povo reclama demais, os ônibus da empresa vencedora do processo licitatório são excelentes.
    *contém ironia.

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