
O que aos olhos nus de alguns irresponsáveis, resumia-se a simples “resfriadinho” ou mesmo uma “gripezinha”, o Corona, ser invisível, fez o mundo esquecer do seu potencial bélico, das suas impetuosas bases militares, e em poucos meses curvou-se ao toque de recolher ditado pelo invisível, que, sem emitir um disparo, ou lançar um míssil, enquartelou a humanidade.

Fez brotar um sentimento de insegurança, de impotência científica, e, principalmente quão frágil é o sistema de saúde mundial. Que o investimento em preservação da vida é insignificante perante ao que promove a guerra e a morte.
A “gripezinha” virou pandemia. Mas, mesmo diante a tantas mortes, ainda vemos autoridades somente preocupados em salvar a economia de seus países, de seus Estados, ou até de seus municípios, mesmo que no futuro ninguém sobrevivesse para aquecer a economia.
Travam-se embates internos, discutem-se a eficácia do isolamento social, vão na contramão das orientações mundiais de saúde, sem o menor conhecimento técnico, e nas entrelinhas escrevem um capítulo sombrio, desumano e arrogante na história.
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Mas o invisível não perdoa, adentra sem licença e se prolifera de forma impetuosa nas comunidades. Não precisamos ouvir presidente ou ministro, temos que ouvir nossas consciências, e ter a responsabilidade social de #FICAREMCASA.
O invisível. E precisava ele vir, para mostrar nossas fragilidades no sistema de saúde? Precisava ele vir para despertar tanta “solidariedade” social? Precisava ele vir para que o governo federal olhasse o tamanho das mazelas do povo brasileiro? Sem comida, sem teto, sem renda, sem saúde. E sem dignidade humana.
Esses problemas permeiam o povo brasileiro há décadas, e não será uma pandemia que resolverá, muito menos auxílio emergencial.
Somente mudanças estruturais profundas nas políticas públicas sociais, com efeito inclusivo e distribuição de renda e geração de renda serão capazes de formatar uma nova sociedade partícipe dos seus direitos sociais.
O Corona vai passar, a vida voltará ao “normal”, o auxílio emergencial não terá mais, as solidariedades desaparecerão, a economia seguirá seu curso natural dos lucros. Enfim. Alguma lição deverá ser aprendida nesta pandemia.
Esperamos.
— * É professor e geólogo. Ex-prefeito de Óbidos (PA).
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Eu aqui em Fortaleza sempre acompanho os blogues da região e foi uma grata surpresa rever vc. Há muito tempo, quando ainda cursávamos a faculdade de geologia, vc em Belém e eu em Fortaleza, no conhecemos em uma viagem a Monte Alegre, para fazermos coletas de amostras dos derrames basálticos da bacia amazônica. Que bom rever vc e ver que aqueles posicionamentos da juventude continuam. Grande abraço. Cidoca
Em um momento como este é realmente necessário nos atermos aos primeiros socorros, não só ao corpo, mas principalmente ao psicológico, pois muitos virão a óbito só de pensar no problema. Um grande abraço meu amigo.
Excelente trabalho meu caro amigo e professor… Vamos compartilhar para que a sociedade reflita e os governantes invistam nos UE realmente é necessário à saúde da população.
O cenário e triste,porém algumas pessoas estão mostrando o seu lado humano ,talvez isso também seja passageiro porém,acredito que muitas lições seram aprendidas com tudo isso.
Que belas palavras tão sábias diante dessa terrível pandemia. que Deus proteja todos nós.
Uma excelente reflexão!
Compartilho do seu pensamento. Faço do seu texto o meu. Parabéns!
Sábias palavras, meu amigo, q Deus te ilumine sempre.