
Em uma vitória da chamada “bancada do cocar”, a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) conseguiu as 198 assinaturas necessárias para a instalação da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Povos Indígenas, informa O Globo.
O grupo, segundo o jornal, travava uma disputa com deputados bolsonaristas ligados ao garimpo, que tentavam viabilizar uma frente similar.
O colegiado será formalizado na próxima terça-feira (7), em Brasília, em um evento com deputados da bancada do PSOL.
Célia corria contra o tempo para evitar que o deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), autor de projetos favoráveis ao garimpo, conseguisse as assinaturas de um terço do Congresso.
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A deputada chegou a protocolar o pedido de criação da frente antes mesmo de tomar posse, em 31 de janeiro, em meio à crise sanitária nas terras ianomâmis em Roraima.
A pressa se justificava pelo fato de que quem requisita a criação de uma frente parlamentar normalmente se torna seu presidente quando ela é criada. Quem lidera o grupo tem a prerrogativa de propor pautas e influenciar na composição de comissões.
Se Chrisóstomo saísse na frente, daria vantagem ao bolsonarismo no controle sobre a pauta indígena no Congresso. Agora será a própria Célia quem vai presidir o colegiado.
Importância estratégica
Embora sejam formalmente fóruns de debates temáticos, as frentes parlamentares podem ter forte influência sobre a agenda do Congresso, como é o caso da evangélica e a do agronegócio.
A nova frente teria importância estratégica no governo Lula, que já sinalizou com a demarcação de 13 novas terras indígenas.
O Congresso também tem a maior representação de indígenas na atual legislatura. Além de Célia, se autodeclararam indígenas nas eleições de 2022 Juliana Cardoso (PT-SP), Paulo Guedes (PT-MG) e Silvia Waiãpi (PL-AP), de oposição.

“Precisamos de uma frente que realmente lute pelos nossos direitos, contra o garimpo, a mineração, a fome e na defesa das mulheres indígenas, cotidianamente abusadas pelos invasores”, afirma Célia Xakriabá, que é do território indígena de mesmo nome no norte de Minas.
A deputada terá como vice Airton Faleiro (PT-PA). No Senado, os coordenadores serão Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Fabiano Contarato (PT-ES).
Também integrarão a frente Érika Hilton (PSOL-SP), Dandara Tonantzin (PT-MG), Camila Jara (PT-MS), Túlio Gadêlha (Rede-PE), Ivan Valente (PSOL-SP) e a senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
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