O maior erro do Pró-Tapajós

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Belém do ParáBelém, a “Cidade Sebastiana”

por Manuel Dutra (*)

As lideranças do Movimento e da Frente Pró-Tapajós cometeram muitos erros na campanha e no período pré-campanha. Mas um deles foi fatal: cutucar a fera com vara curta e, pior, tocando na ferida aberta que, de modo consciente ou inconsciente, incomoda a elite tradicional de Belém, o “paraense da gema”. E os separatistas o fizeram movidos pelo imediatismo e pela ignorância.

Defino aqui o conceito de “paraense da gema”: são aqueles indivíduos e grupos com raízes familiares, seculares ou não, em Belém e redondezas, ou pessoas que aqui chegaram mais recentemente e que se afinam cultural e ideologicamente com aquele grupo mais antigo. Em geral brancos, têm vínculos com a posse da terra herdada de antepassados, dominam o comércio, as atividades culturais, as instituições políticas e a economia de modo geral.

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Batem no peito afirmando ser paraenses, mas caminham com frequência para a Europa ou Estados Unidos, onde não raros têm imóveis. Muitos investem fora do Pará o que aqui ganham. Para matar a saudade das famosas calçadas de Paris desenvolvem o hábito de tomar café nas calçadas de algumas esquinas do centro de Belém.

Pois bem, foi deste grupo, assim superficialmente definido, que saíram as lideranças do Não à divisão do Pará. Logo, representava a tradição. Logo representava um outro aspecto grave que identifica os grupos hegemônicos da capital paraense: um profundo sentimento de perda e decadência, perda territorial e perda da riqueza que caracterizou esta bela cidade há um século e pouco.

Em seu recente livro sobre Belém, sintomaticamente intitulado Era da Borracha, Memória e Melancolia numa Capital da Periferia da Modernidade, o professor da UFPA, Fábio Castro, criou apropriadamente o conceito de “Cidade Sebastiana”, fazendo o paralelo histórico com o sentimento de perda da nação portuguesa, eternamente esperando a volta de dom Sebastião, o Desejado, desaparecido na batalha deAlcácer-Quibir. O mito é que ele voltará/voltaria para resgatar Portugal de suas carências e tristezas.

Para desassossego de alguns divisionistas, um mês antes do plebiscito eu falei disso em Santarém na palestra de abertura que fiz num seminário promovido pela Universidade Federal do Oeste do Pará, com a presença da geógrafa Bertha Becker, da UFRJ, do economista Francisco Costa, do NAEA/IPEA e de outros pesquisadores e lideranças comunitárias.

A ferida que sangra no inconsciente coletivo da elite desta cidade-síntese da Amazônia é o mesmo que sangrou na alma e no corpo de uma cidade que, de uma hora para outra, viu entrar pelo ralo da história toda a imponência e importância que ela havia conquistado no período dourado da extração/exportação da borracha.

Suicídios houve no início do século passado, quando a cultura da seringueira mudou de mãos e de geografia, ensejando a saída, de Belém, de várias representações diplomáticas, das filiais dos principais bancos estrangeiros; era o fim de uma festa que parecia não ter fim e teve. Era o final infeliz da Paria n’América.

No auge da economia da borracha chegou-se a dizer que, na América do Sul, três cidades se destacavam: Buenos Aires, São Paulo e Belém. Na capital paraense se esboçava a instalação de um parque industrial, abortado à mesma época, mas que deixou a prova de sua pujança inicial nos prédios enormes que aos poucos vão sendo reocupados no Umarizal. Hoje, para tristeza de todos nós, o Pará e a sua capital estão com frequência nos noticiários nacionais por outras razões, por índices de desigualdade e violência.

No aspecto da posse do território, a sensação de perda não é menor. Não precisa ir até o período colonial quando tudo a que hoje chamamos de Norte do Brasil era o Grão-Pará. Basta rever 1832, quando o hoje Estado Amazonas intentou declarar sua autonomia por conta própria, pagando caro, inclusive militarmente, pela sua ousadia. Afinal foi atendido 18 anos mais tarde por Pedro II, que partiu a Amazônia ao meio, criando as Províncias hoje Estados do Amazonas e Pará.

Já no século passado foi o Amapá retirado, sob surdos protestos, pela ditadura Vargas. Ao longo de toda a sua história o Pará permaneceu objeto de idéias de divisão, são dezenas, entre projetos ou simples demonstração de desejos separatistas, como foi o da Sociedade Literária de Santarém, em 1883.

Toda essa história de perdas e ameaças de redução territorial se tornou aguda e insuportável para as elites metropolitanas agora, em 2011. A exposição pública do novo mapa que se tornou objeto do plebiscito chocou as elites e, de certo modo, o grosso da população da Metrópole: um Estado do Tapajós com quase metade do território paraense, um Carajás com outra parte substancial, e o “Parazinho” remanescente com apenas 17%, imagem essa muito bem explorada pelos políticos do Não, tocando fundo no inconsciente histórico de tantas perdas graves.

Desde 1772, quando se criou Grão-Pará e Rio Negro, desmembrado do Grão-Pará e Maranhão, a superfície remanescente ficou em aproximados 3,6 milhões de quilômetros quadrados, mais ou menos coincidindo com o que hoje se chama de Amazônia clássica (não a “legal”).

Pelo novo mapa proposto no plebiscito de 2011 restariam ao Pará cerca de 240.689 quilômetros quadrados, sua população seria reduzida para aproximadamente 5,2 milhões de habitantes. Do gigante territorial Grão-Pará restariam tão somente 240. 689 quilômetros quadrados. Para uma tradição cultural que vem desde as Capitanias, com o apego à terra que gerou a sesmaria e o latifúndio, e em que o poder político do velho e do novo coronelismo se confunde com a posse de terras extensas, era muito para os grupos de poder de Belém.

Como os políticos – sejam eles daqui ou dacolá, do Brasil ou da Conchinchina – são por natureza imediatistas e, via de regra avessos à leitura e à reflexão (com raríssimas exceções), este plebiscito se fez com base no imediatismo e na ignorância. Os “debates” televisivos o demonstraram à farta: parecia que a luta por emancipação se resumia tão somente a “repasses” de verbas federais, repartição do tesouro ou do butim. Eram discursos onde não se viam história, sentimentos, ideais. Tudo se resumia ao tempo próprio dos políticos, isto é, um tempo que existe entre uma eleição e outra.

Imaginaram, por ventura, que a Metrópole iria aceitar passivamente tamanha divisão de seu chão? Se fosse só o Tapajós, é provável que as resistências diminuíssem. Mesmo assim, não a este mapa que agora foi fabricado de modo estúpido, inteiramente distinto daquele que sempre povoou a imaginação de gerações. O mapa que se desejava era mais ou menos aquele que foi sintetizado pela Comissão de Estudos Territoriais do Congresso, logo após a Constituinte de 1988. E que deveria se chamar Baixo Amazonas.

Contando somente as propostas do século 20, desde a década de 1950, diversos outros foram sugeridos por paraenses, políticos aqui radicados. Deixando de lado os históricos, como Varnhagen e Fausto de Souza (que não eram paraenses e fizeram projetos de redivisão para o Brasil), nas últimas décadas lembra-se o trabalho do deputado estadual Elias Pinto, do intelectual amazonense Benchimol, de Segadas Vianna (1933), Juarez Távora. Projetos dos deputados Elias Pinto, Alfredo Gantuss, Burlamaqui de Miranda e Epílogo de Campos.

Já na Constituinte de 88 destaca-se o intenso esforço dos paraenses Benedicto Monteiro, Paulo Roberto Matos e Gabriel Guerreiro. No entanto, o mapa que afinal foi posto na mesa do voto foi um mostrengo elaborado por quem sequer visitou a região.

Se o Movimento pela criação do Tapajós ou Baixo Amazonas quiser prosseguir no embalo da maciça votação superior a 95% em média, na região, deve retomar o histórico e os esforços de pessoas que efetivamente fizeram propostas aceitáveis. E efetivar um movimento popular que retire dos políticos a exclusividade da luta por emancipação.

Aliás, a entrega legal dessa batalha apenas aos políticos foi uma estratégia que deu certo ao poder central brasileiro: colando um movimento social à cara dos políticos, o plebiscito, em alguns momentos, pareceu uma eleição qualquer. E não era.

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* Santareno, é professor doutor da UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará) e jornalista. Escreve regularmente neste blog. É também blogueiro.


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30 Responses to O maior erro do Pró-Tapajós

  • VÃO LEVER 100 ANOS LAMENTANDO A DERROTA ! EITA POVO MASOQUISTA 1 especialistas em dar murro em ponta de faca !!! agora só de mau vamos criar o estado do baixo amazonas com a capital em altamira !!! toma te !!!! e mexe com quem tá quieto!!!!!

  • Concluimos que as divisões na amazônia sempre foram resultado de alguma ação de força; quando aqui cheguei em 1978 ouvi comentários que o governo militar queria transformar o Baixo Amazonas em um Território e eles teriam força para isso. Entretanto, logo em seguida, a abertura política e o retraimento dos militares acabou provavelmente esvaziando essa idéia. Sendo assim, é esperar que a Comissão de Redivisão Territorial, utilizando força constitucional consiga implantar uma divisão vinda “de cima”, peço ao Dutra uma avaliação sobre isso.

  • Santarenos, parem com esse revanchismo, com esse ranso. Eleição é dicidido no voto. Afinal vivemos uma democracia e temos que assimilar a derrota sem essa ira.
    Sou do oeste do Pará, sou Oriximinaense com muito orgulho, diga-se de passagem, portanto sou involvido diretamente nesse processo, mais fui e sou contra qualquer divisão em nosso estado. Para chegar a essa conclusão, lí vários artigos de pessoas que entendem profundamente do assunto, pesquisei na internet em órgãos competentes e cheguei à minha conclusão. Se por ventura eu me certificasse que a divisão seria a solução, vocês acham que eu seria contra? De jeito nenhum, pois amo muito minha cidade e quero o melhor para ela.
    O que temos que fazer daqui´pra frente é nos unirmos e cobrar, exigir de nossos governetes aquilo que nos é de direito.
    Mas o que temos que fazer de mais impórtante é saber escolher nossos representantes, excluir da política esses VICIADOS que aí estão a tanto tempo só mamando nas tetas e não fazem nada em prol do povo, e muito menos pelos nossos municípios.
    Como mencionei antes, sou de Oriximiná mais moro em Belém a muito tempo, mas vou à minha cidade todos os anos e passo por Santarém tanto na ida como na volta, e constato o abandono em que encontra-se a Pérola do Tapajós. Uma cidade com o fluxo de embarcações saindo echegando a todo instante e não tem um porto decente para o embarque e desembarque de cargas e passageiros. Isso sim é que o povo Santareno deveria se preocupar e cobrar, mais acima de tudo saber escolher pessoas que estejam de fato comprometidas com o povo e com o municipio de modo geral.
    Eu fui contra a divisão, mas quero a solução para os problemas existentes, e para isso eu vou gritar, vou cobrar, vou esculhambar se for preciso por melhores dias para o meu municipio, e vocês têm que fazer o mesmo em vez de ficar com esse revanchismo barato. Isso só casa bem com pessoas sem cultura.

    1. João Farias, a criação do Estado do Tapajós é para pessoas fortes e lutadores, somos auto determinados em nosso desenvolvimento e entendemos que somente a emancipação trará liberdade e desenvolvimento para essa região que nada mais é que uma colônia para Belém que nos retribui com migalhas.

  • Tapajós e do Carajás espezinhados pelos outros 5 milhões de paraenses de Belém.

    Tiveram sua vontade esmagada, sua esperança perdida, seu futuro aniquilado.

    Os belenenses, paulistas, cariocas comemoram. Principalmente os belenenses se ufanam.
    Os paulistas, cariocas e outros do sudeste e sul, mais cautelosos se mantém, satisfeitos mas quietos. No íntimo, entretanto, zombam da extrema inteligência do belenenses que deram um tiro no pé.

    O Pará perde a chance de terem mais 6 senadores e 20 deputados para defenderem a região e a Amazônia e trazerem recursos para a região norte.

    Assim continua o quadro atual de supremacia dos políticos do sul e do sudeste que carregam para seus redutos a bacia de recursos dos contribuintes do norte e do nordeste.
    Claro, eles do sudeste brigam pelos royalties do petróleo que deve ser só deles, mas os royalties das hidroelétricas, da madeira, do minério devem ser distribuídos igualmente para todos os Estados. Claro são maioria no Congresso. Assim é que está bom para o Pará. Assim é que os belenenses querem.

    Agradeçam ao Jatene e aos políticos de Belém, que nós do Tapajós e do Carajás elegemos.
    As tentativas que haviam de outras regiões do Amazonas, Maranhão, Mato Grosso de se separarem de seus Estados originais, após esse critério imposto ao Pará, estão abortadas. Nenhuma outra tentativa de independência terá curso ou sucesso. Nunca jamais no Brasil será criado outro novo Estado. O Brasil esta fadado a ter eternamente os atuais 27 estados. Pobre Brasil – pobres brasileiros, que estarão manietados pela opressão e vontade da capital do Estado.
    Dessa for,a nos obrigam a criar um
    bebê “boom”, com muitas mâes tendo mais filhos para aumentar a população do Tapajós ou então atrair mais forasteiros para o interior do Pará.

    1. Por que nestes blogs e fóruns sempre tem alguém atacando os sulistas e sudestinos em geral, e os paulistas em particular, como se estes fossem inimigos do Brasil e da Amazônia? Como se fossem culpados pelo atraso em que as regiões Norte e Nordeste se encontram? Sou paulista, moro em Santarém, voto aqui e sou a favor da criação do estado do Tapajós (ou Baixo Amazonas, ou outro nome que se lhe der), mas esse tipo de discriminação contra os sulistas/sudestinos é demais!.
      É verdade que as pessoas que vivem fora da Amazônia não tem noção do que acontece aqui, mas a culpa não é só delas; elas conhecem o que veem na TV. Por que os empresários de telecomunicações da Amazônia, em vez de servilmente retransmitirem a programação da Globo, Band, Record etc., não criam uma rede nacional de TV sediada na Amazônia, para mostrar a região e sua diversidade regional, cultural, populacional etc. para o Brasil e o mundo, sem estereótipos? Assim se poderia, por exemplo, fazer telenovelas ambientadas na Amazônia sem os típicos canastrões globais com suas péssimas imitações de sotaques. Seria a união do útil ao agradável…
      É mais fácil pôr a culpa nos outros e passar o chapéu…
      Vamos trabalhar pelo desenvolvimento da Amazônia, sem esperar que os outros façam aquilo que devemos fazer. E vamos cuidar do Oeste do Pará, sem levar em conta se vai se tornar independente ou não de Belém; a emancipação virá, é apenas questão de tempo, mas não devemos ficar esperando sem fazer nada…

  • Que coisa sem nexo é isso? Pessoal, nós interessados nessa independência, somos todos responsáveis pelo resultado esperado, mas, menos do que aos políticos condutores da campanha do “SIM”, inclusive artistas, os jornalistas, os ditos intelectuais da literatura santarena, regional, como o jornalista que deu origem aos comentários postados neste veículos. Deviam aparecer na ocasião da campanha como os fizeram do “NÃO”.
    Pimenta no olho do outro é refresco.
    Chama o DUDA…

  • Agora fica a pergunta que não quer calar: Se esse erro de “cutucar a onça de vara curta” foi fatal, porque aconteceu? se isso qualquer publicitário poderia detectar antecipadamente através de uma pesquisa qualitativa obrigatória para uma campanha politica? Eu não acredito nesses erros de estratégia como foi mostrada e feita na campanha do SIM, acredito que esses erros foram planejados, de encomenda, foram erros clássicos que eu não cometeria. Agora encomendado por quem e porque, eu não sei.
    Outra pergunta que não quer calar: Será que Carajás dará também um diploma de Cidadão de Carajás ao nosso deputado Lira Maia, do jeito que nossos vereadores darão ao deputados deles o Sr.Salame? Já que querem dar um diploma de Cidadão Santareno para quem merece, deveriam dar para o Edvaldo Bernardes, presidente do Comitê Pró Estado do Tapajós, que é de Manaus.

  • Vejamos como são as coisas. O Pará é imenso e todos cheio de carência. Porém, Belém e área metropolitana, em relação as demais, nem pode se queixar de falta de vaga pública para fazer curso tecnológico ou superior. Só na UFPa, como no ano passado, sobraram mais de mil. que foram preenchidas depois com com uma provianha de marcar, uma verdadeira babada. Porém, veja só essa notícia: https://edilzafontes.blogspot.com/2011/12/ifpa-de-ananindeua.html. Estão inaugurando mais um IFPA em Ananindeua, onde ainda será construída mais um UEPA e mais uma UFPA. O que esses dizes é uma coisa só: que os demais se lasquem.

  • Irmãos do Oeste do Pará, chegamos a uma semana que o Não a divisão venceu e com uma grande margem de votos, ganhou com cerca de 1.000.000 de votos a mais, nada mais de choros e lamentações, vamos mudar o assunto, não e agora que intelecutuais, movimentos sindicais e socias de Santarem apenas ficarem com falacias, a constituição e clara criação de novos estados somente atraves de plebsicito e em toda a area diretamente afetada no caso o estado como um todo e vcs tiveram a chance de serem os primeiros a ter esta oportunidade e perderam feio, isto e democracia e tem horas que se tem a obrigação moral de saber perde e seguir para frente pois podem se tornar pessoas denominadas museu pois vivem de passado, bola para frente e unidos pelo Pará.

    1. “dotô” freire,

      Esse pará grande de vocês, o “MEU” PARÁ, como vocês apregoam, que sempre nos excluiu e abandonou, não existe mais, foi morto e enterrado no dia 11/12/2011. O que existe é o parázinho, o pará do NÃo e NÃO, nem pelo car@#*&o, e as regiões do Tapajós e Carajás, que haverão de conseguir sua libertação, um dia, quer vocês queiram ou não.
      Nós jamais esqueceremos como fomos tratados e todo dia é dia de dizer NÃO E NÃO, para Belém, NÃO E NÃO, para o parázinho !!!!

      Estado do TAPAJÓS, SEMPRE

      Nilson Vieira

      Nilson Vieira

  • Caro Geraldo,

    Jader, Lira Maia Etc…… São criar de todos Nós, o que precisamos fazer é ter vergonha na cara e coragem para eliminar de vez esses Senhores do cenário da política do Brasil.

  • Olá, li recentemente o livro do professor da UFPA Fábio Fonseca de Castro, aqui referido pelo também professor Manoel Dutra. De fato, se trata de um retrato das elites belemenses no que elas têm de mais subjetivo. Como santareno, criado em Belém, estou inteiramente de acordo com o que diz o Dutra: o erro da campanha Pró-Tapajós, foi ir mexer com a subjetividade dessas elites. A campanha, fosse diferente, teria alcançado um outro resultado. E não me refiro, exclusivamente, à campanha midiática produzida, mas sim à forma como, geralmente, a divisão do Pará foi e continua sendo conduzida por todos nós.

  • Parabéns Dutra, pela genialidade do texto, compreensão da realidade de nossas vidas e sobretudo pela narração cronologica-aspiracional-e-redentora da história de luta desse sonho de nós eternos Tapajoaras!

  • Caros amigos PARAENSES DA GEMA, fiquem sabendo que quem perdeu não foi somente os separatistas, mas principalmente o PARAZÃO de vcs…

  • Geraldo Kennedy,
    Ao jornalista cabe noticiar os fatos, procurar as suas interpretações e oferecer a informação ao grande público. A tarefa essencial do jornalista não é propor este ou aquele programa de ação política. Por isso, as suas recomendações devem ser encaminhadas aos políticos envolvidos na campanha, ao Lira Maia, João Salame, Zenaldo Coutinho, Celso Sabino e a quem mais militou partidariamente pelo sim ou pelo não. Ao jornalista cabe a informação e a crítica. Compreendendo assim a função social de cada um, você pode entender melhor a matéria que escrevi.

  • Manuel Dutra sempre surpreende com sua leitura e clareza sobre fatos históricos que tanto influenciam o momento de hoje. É de pessoas desse calibre que a Frente Pró-Tapajós jamais deve(ria) abrir mão.

  • >90% não há razão que não diga que algo está acontecendo. Não é recado. É clamor, é pedira para aplicar a razoabilidade.

  • COMPARO essa ‘paixão’ pelo Pará àquela de Portugal, que não admitia perder o Brasil, deixando-o que fosse gerido pelos próprios brasileiros.
    Tapajós instalado, continuaríamos paraenses; melhor, continuaríamos brasileiros.

  • O que mais dói é saber que essa elite xenófoba, usurpadora, escravocrata, que nos chamava de esquartejadores, grileiros, forasteiros, foi e é capitaneada por um grupo de comunicação que que originou de um contrabandista pernambucano e uma senhora que, dizem, tinha vida fácil, saída lá dos cafundós do judas !!!!

    Eles, que vivem pendurados nas tetas daquilo que chamam de MEU Pará, conseguiram, às custas da nossa grana, manter a situação de secular abandono daquilo que eles consideram seu quintal, ou seja, tudo o que se estende além do Shopping Castanheira.

    A nossa luta, no entanto, continua !!!

    Estado do Tapajós, SEMPRE !!!!!

    Abraços tapajÔnicos

    NIlson Vieira

  • Concordo plenamente, Dutra, mas cito outras perdas: a zona franca, o comando militar e a Copa do Mundo para Manaus, a ferrrovia e o porto para o Maranhão, entre outros. E agora outras perdas serão anunciadas: o gás e o petróleo do Salgado serão levados para o Maranhão, onde será construída a mais moderna refinaria do país, além da Esquadra da Marinha, que também será levada para a terra – quer gostem quer não – do Sarney (ah, ele é do Amapá. É verdade, mas quem governa?). Já postei aqui que o Hino Nacional cantado de modo exuberante no Mangueirão representava esse grito de dor e de perdas passadas, recentes e futuras (entre elas, do plebiscito). Ali, não eram brasileiros,mas paraenses defendendo o eu território, por meio de um canto. Penso que nós de Belém perdemos uma oportunidade histórica: fazer justica à separacão mocoronga (independente do mapa equivocado) e nos livrarmos das mazelas sociais e do minério inútil do Carajás. Já que o Estado está unido, somos um dos mais violentos do país, quando poderíamos com menor território, nos dedicarmos, por exemplo ao turismo, já que temos os melhores portos e aeroporto. Teríamos menos despesas com o funcionalismo e infraestrutura e poderíamos pleitear sermos a décima economia do país em um futuro próximo. O povo de Belém e região metropolitana não sabe, mas perdeu o trem de alta velocidade da história e uma nova chance talvez só em uma nova Constituinte.

  • Reputo vosso comentário como sensato e racional, exatamente da forma como era dificil ou até impossivel de ser entendido e aceito pelos exaltados separatistas.

  • Faça-me o favor, agora todos são especialista em apontar erros depois da derrota, porque não os corrigiu antes, se os detectou. Quem de vocês apareceu pra dar a cara a tapas, agora vem apontar erros, o que é muito facil e comodo, se esconder e depois dizer o que deu errado. o que deu errado foi vocês não vestirem a camisa e e ir pra cima do povo de belém como vizeram os cabanos no movimento que deu independencia ao Pará de Portugal. Geraldo Kenndy

    Marinor,
    LI SUAS PALVRAS Q EXPRESSAM INDIGNAÇÃO QUANTO A DECISÃO DO STF A JADER, SAIBA QUE O POVO Q A ELEGEU TEM ESSE MESMO SENTIMENTO quanto a sra. NÃO SO PELA SUA POSTURA NO PLEBISCITO MAS EM TODOS OS SEUS POSICIONAMENTOS NO SENADO QUE NÃO TEVE A REPRESENTAÇÃO DO POVO MAS A DEFESA DAS SUAS IDEIAS, VAMOS VER SE O POVO DE BELÉM VAI TE ELEGER, POIS FICCOU CLARO Q BELÉM AMA JADER, EM BELEM A SRA NÃO TEM VEZ E PERDEU O Q TINHA NO OESTE DO PARÁ. GERALDO KENNDY

  • A questão da divisão territorial do Pará extrapola o campo econômico. É também político, geográfico, histórico, social e cultural. A discussão sobre a divisão deu dimensão exagerada à questão financeira, viés dos tempos atuais, em que tudo se resume a verbas, dinheiro e bens. Somente como exemplo da pluralidade que envolve uma escolha desse tipo, a cultura da região do baixo amazonas possui manifestações ímpares, como o Sairé, a culinária baseada no peixe de água doce, o lazer nas praias sazonais de rio, artesanato com insumo retirado da floresta entre outras peculiaridades. Não temos nada ou pouco a ver com o tecnobrega ou gosto exagerado por açaí, maniçoba, pato no tucupi ou caranguejo toc-toc. Nossas paixões clubísticas passam ao largo de Remo e Paysandu. A santa de devoção dos santarenos é Conceição e não Nazaré. Portanto, deveríamos ter dado mais importância aos aspectos que nos fazem um povo diferente dos demais paraenses, principalmente os da capital e do seu entorno. Por outro lado, incluir no mapa do futuro Estado do Tapajós a região do Xingú foi uma sandice, um tiro no pé. A vitória do NÃO em Altamira serve para o Governo do Estado argumentar que o SIM nas regiões separatistas não foi acachapante como apregoam. Os líderes e os simpatizantes do SIM devem fazer “mea culpa” e expiar seus erros no processo, não cometendo equívocos que caracterizam a atitude do paraense da região metropolitana que é a de sempre achar nos outros a causa de suas misérias, sejam eles os maranhenses, os amazonenses, o Sarney, a Vale, o Governo Federal etc., numa tentativa vã de encombrir sua marcante indolência e a incompetência da elite e dos políticos de Belém.

  • Acho que um dos erros foi a preocupação dos intelectuais esclarecer e debater muito em instituições profissionais fechadas e não em associações e movimentos socias (POVÃO) onde se deveria ser mais feito o esclarecimento que era o povão e nas cidades metropolitanas não fizeram.

  • Manuel Dutra, como sempre, escreve com clareza e leveza, com argumentação coerente sem ser desprovida dos sentimentos de quem conhece de fato o Pará, não apenas como aqueles que falam de uma imagem que olham no mapa. Dutra fala por conhecer como vivem as pessoas. E isso está explítico em todos os seus textos.
    São por estas e outras observações similares, que chamo de colonizadores, egoistas e escravagistas aqueles que se recuram a pensar na proposta de redivisão do território.

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