A médica Dilma Souza, da Universidade Federal do Pará (UFPA), diz que o desmatamento na Floresta Amazônica está aumentando a população de barbeiros (Triatoma infestans), o inseto transmissor da doença de Chagas, no estado.
Ela explica a relação entre o desmatamento e a enfermidade, dizendo que “o homem se envolveu nessa cadeia de transmissão, a partir dos desmatamentos que ocorrem de forma desordenada, e que são frequentes na Amazônia. A situação vem alterando o cenário epidemiológico da doença, favorecendo, inclusive, o crescimento da população vetorial”, diz a médica e pesquisadora da Faculdade de Medicina (Famed).
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nos últimos quatro anos, as taxas do desmatamento no Pará estão em alta. Em 2018, o aumento foi 16,7% em relação ao período de agosto a julho do ano passado.
De janeiro a novembro de 2018 foram registrados 223 casos de doença de Chagas, conforme os dados divulgados pelo Instituto Evandro Chagas (IEC) no ano passado.
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Um homem de 80 anos morreu no mês de agosto em decorrência de complicações por conta da doença. Ele era morador do município de Acará, no nordeste do estado.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Dilma Souza é uma das autoras do “Manual de recomendações para diagnóstico – tratamento e seguimento ambulatorial de portadores de doença de Chagas”, tendo como co-autora a médica Maria Costa Monteiro.
Dilma afirma que “Agora é importante dizer que o desmatamento soma a uma série de outros fatores. Como, por exemplo, os poucos investimentos em políticas públicas e a falta de higienização do alimento consumido evitaria que uma pessoa adoecesse, por exemplo”.
O outro fator do crescimento da doença no Pará, segundo a pesquisadora, é a migração das populações da zona rural para a urbana.
Segundo ela, “A pessoa adoece ou traz o animal infectado pelo trypanosoma cruzi para a zona urbana. Para se alimentar, o inseto barbeiro procura mamíferos de sangue quente para se alimentar, entre eles, o homem. Quando não há contaminação direta, ele contamina outro mamífero – que abriga e transmite o parasita. Essas também são formas de trazer a doença para o centro urbano”, explica a especialista.
INCHAÇO NOS OLHOS
Em 2006, o Brasil recebeu o certificado internacional de interrupção da transmissão da doença. No Pará o primeiro caso de morte da enfermidade aconteceu, no bairro de Canudos, em Belém, em 1968. No estado a doença avança, principalmente, em áreas de extrema pobreza, onde há produção do açaí.
Os sintomas da doença de Chagas são: febre, mal-estar, inchaço nos olhos, vermelhidão no local da picada do inseto, fadiga, irritação sobre a pele, dores no corpo, dor de cabeça, náusea, diarreia, vômito, surgimento de nódulos e aumento do tamanho do fígado e do baço.
Neste link, a íntegra da reportagem.
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