Poetas amazônicos. Morte do amor

Publicado em por em Arte

Se por acaso

Se acaso um dia,
olhando meus olhos
notares a paixão
que ainda tenho por ti,
não te assusta.

Se ao contrário
te fazer rir
o faça com sorriso
pra dentro
fingindo soluço.

Se acaso a pessoa
com quem vives, perceber,
e comentar contigo
meus gestos,
simula surpresa.
Diga-o não se importar.
Que já sou
como essas folhas mortas
diluídas no tempo
das tardes quentes
e ensolaradas de setembro.

Mas, se um dia, por ventura,
fitando novamente meus olhos,
perceberes-os desnudos
de qualquer afeição,
dissimula, por favor,
incontida alegria.

Não tentes mais
iluminá-los novamente
dizei a si mesma:
dessa vez morrera o amor.
Se fora decantado, sóbrio,
como as flores de maio.

– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

De Edwaldo Campos, poeta amazônico nascido em Alenquer e naturalizado santareno.

Leia também dele:
Dormindo no cajueiro.
Chique suicídio.
Os 60 anos de Bira.


Publicado por:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *