Páscoa, sentimento humanitário muito além da religião cristã. Por Silvan Cardoso

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Páscoa, sentimento humanitário muito além da religião cristã. Por Silvan Cardoso
“Acredito que a Páscoa está dentro das pessoas”, escreve Silvan Cardoso. Foto: Reprodução

Certa vez, a deusa germânica da fertilidade, chamada Eostre, encontrou um pássaro ferido na neve. Para ajudar o animal, ela o transformou num coelho. Mas a transformação não foi bem-sucedida e o bicho continuou sua antiga habilidade: botar ovos.

Como forma de agradecimento à deusa germânica por ter salvo a sua vida, o coelho presenteava-lhe com ovos coloridos. E Eostre, maravilhada com tamanha criatividade, partilhava essa alegria com todas as crianças do mundo.

Será que com esse resumo conseguimos minimizar a dúvida do porquê de coelhos, animais mamíferos, botarem ovos e na Páscoa? Aliás, esse é um detalhe mínimo no mundo em que vivemos.

A mitologia germânica, tão antiga, tem suas originalidades, assim como as antigas religiões gregas, romanas, nórdicas, judaicas, cristãs, entre outras, que também têm também suas essências históricas.

Independentemente de religião, muitos fiéis santificam-se em épocas especiais de suas crenças – em muitos casos, somente nessas épocas. Uma dessas religiões é o cristianismo. Uma dessas épocas é a Páscoa.

Qual foi de fato a origem pascal? Qual seria a forma correta de agir? O que de fato seguir? Atentamos a situações e pensamentos insignificantes, quando perdemos a atenção de uma mensagem que a Páscoa cristã repassa a seus seguidores: renascer! Mas esse renascimento acaba não sendo feito corretamente e muitas pessoas se comportam sem o mínimo do espírito pascal.

Acabamos por priorizar religiões e doutrinas e não levamos em conta o que deveria de fato ser feito. Não preciso ser somente católico, evangélico, judaico, celebrar apenas Jesus Cristo ou celebrar apenas Eostre para ter espírito pascal e levar seu significado a todas as pessoas.

Acredito na importância do respeito entre os diferentes religiosos para que possamos renascer entre um e outro. Acredito que a Páscoa está dentro das pessoas, na forma como trata o outro sem se importar com as diferentes culturas. O abraço entre um e outro precisar ser sem preconceito e sem se importar com as diferenças.

O coelho da Páscoa é apenas vítima do capitalismo, assim como Jesus Cristo também chega a ser essa vítima. As narrativas originais na verdade são esquecidas ou ignoradas, especialmente por comunidades conservadoras. E nós, desinformados de muitas narrativas ocultas ao longo da história da humanidade, fazemos declaração sem qualquer referência confiável, especialmente nestas épocas de redes sociais, onde a mentira se fortalece.

Eu acredito sim na Páscoa, mas não unicamente como um evento religioso e muito menos como uma exclusividade cristã.

Eu acredito na Páscoa como um sentimento humanitário, necessário no dia a dia, em que renascemos, cuidamos e amamos de forma verdadeira, num mundo contaminado por comunidades de pessoas que distorcem as verdadeiras histórias e semeiam a maldade e o preconceito em qualquer canto de qualquer lugar.

<strong>Silvan Cardoso</strong>
Silvan Cardoso

É poeta, cronista e pedagogo nascido em Alenquer, no Pará. Escreve regularmente no JC.

— LEIA também de Silvan Cardoso: Derrotamos Jesus Cristo todos os dias.


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