A primeira e, principalmente, esta segunda eleição de Trump destrói de vez um mito muito caro à sociologia: o mito da modernidade. Este mito, alimentado por Max Weber e seus seguidores, tinha como tese central a ideia de que as sociedades capitalistas que alcançaram elevado nível de desenvolvimento econômico e social possuiam como característica principal a racionalidade, compreendida como a forma de agir pragmática e a forma de pensar e compreender a realidade científica e filosoficamente: sociedades esclarecidas, das luzes.
Nessas sociedades, haveria cada vez menos espaço para a religião e outras formas de irracionalidades. Tudo balela! Os frankfurtianos denunciaram essa fraude na segunda metade do século XX, mostrando que o monstro da irracionalidade estava apenas adormecido e mascarado pela maquiagem da civilização.
Ação pragmática, racional? Preto votando em racista e supremacista branco, imigrantes votando em xenófobo, mulheres votando em misógino… Tem algo mais irracional que isso?
A eleição de Trump destrói de vez esse mito da modernidade weberiana, pois foi o discurso de ódio, negacionista da ciência e da tragédia climática, de preconceito, de xenofobia, misógino, racista e religioso que encontrou receptividade e aprovação em mais da metade da população de um dos países que sempre foi tomado como referência da modernidade.
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As interpretações weberianas da história, como toda e qualquer interpretação baseada em discursos e critérios subjetivos, tinham 50% de possibilidade de serem verdadeiras e 50% de serem falsas.
A história se encarregou de mostrar que eram falsas e que os critérios exclusivamente subjetivos de interpretação da realidade não são científicos. Como tal, a modernidade não é uma teoria científica, mas apenas mais uma ideologia voltada para ludibriar os povos que foram colonizados com uma falsa ideia de superioridade civilizatória dos colonizadores.
A história está demonstrando: eles não são melhores e, em certa medida, são até piores. A modernidade e a civilização moderna são uma farsa. O uso dessa pseudoteoria não deve mais ser aceito nas universidades para o bem da Ciência.
Válber de Almeida Pires, paraense, é doutor em sociologia. Escreve regularmente no JC. Leia também dele: Perigo: médicos brasileiros se declaram negacionistas e terraplanistas. E ainda: O poder evangélico nas investidas sobre os conselhos tutelares. E mais: A decisão de Moraes contra o estado de natureza.
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