A insensatez continuada em não exonerar o secretário de Cultura. Por Paulo Cidmil

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A insensatez continuada de não exonerar o secretário de Cultura. Por Paulo Cidmil
Jovens dançam em evento folclórico em Santarém; em destaque, o secretário municipal de Cultura, Luiz Alberto Pixica. Foto montagem: JC

Mais uma obra de arte executada por nosso secretário de Cultura de Santarém (PA). Esse senhor vem colecionando erros de gestão, que clamam por um basta. A sua condição de secretário intocável é cada dia mais evidente.

Que esse latifúndio tenha sido entregue de porteira fechada, nós já sabíamos, mas que estivesse imune a qualquer tipo de intervenção por parte de nosso prefeito, dando ao secretário a condição de imexível, essa é a aberração administrativa a qual ficamos expostos.

Não fosse a intervenção providencial do Corpo de Bombeiros no Festival do Folclore, é provável que hoje a cidade estivesse chorando uma tragédia. Nosso secretário tem uma lista robusta de feitos: já houve carta de repúdio da comunidade de Alter do Chão subscrita pelos realizadores do Çairé; deu apoio a um escroque que se apropriou de um Festival de Cinema, quando não reconheceu a legitimidade de mais de 100 fazedores de cultura de Santarém e de Alter do Chão.

Já ocupou a presidência do Conselho Municipal de Cultura, instância da sociedade civil, cuja uma das funções é propor políticas culturais e fiscalizar o secretário. Já foi alvo de protestos de quase todos os seguimentos culturais, como o Teatro, a Música, Artes Plásticas e Audiovisual, o Artesanato e o Folclore.

Promoveu enorme prejuízo à classe artística  na gestão dos recursos da Lei Aldir Blanc I, lançando editais de R$1 mil (isso mesmo mil reais) e devolvendo recursos na ordem de 240 mil reais aos cofres do governo Federal.

E por isso, acabou alvo de audiência pública na Câmara de Vereadores para esclarecer o fato e o porquê da prestação de contas não ter sido concluída, descumprindo o prazo. Interviu na tentativa de desqualificar e mudar as escolhas feitas pelos seguimentos culturais para o Conselho Municipal de Cultura.

Festival Folclórico 2023 de Santarém: providencial intervenção do Corpo de Bombeiros. Foto: PMS

Na Secretaria de Cultura, cujos recursos são pífios, o que sobra para investimentos no fomento cultural, é na quase totalidade comprometido com licitações para serviços de som, iluminação e estruturas para eventos, como vimos no exercício de 2019.

Não existe planejamento ou calendário cultural a médio e longo prazo, não conseguiu parcerias duradouras para financiar e profissionalizar os quase inexistentes projetos culturais da pasta. Não difunde a produção cultural local no estado e nem viabiliza aporte de recursos do estado pela ausência de bons projetos. Produção artística há em abundância.

A insatisfação com sua inaptidão e falta de visão para gerir a pasta de Cultura, que exige grande sensibilidade e interlocução com os diversos seguimentos culturais, é quase unânime. Agora, diante de mais um erro, pelo que lemos nas redes sociais, tenta se eximir das responsabilidades, acusando a empresa prestadora de serviços, empresa com longo histórico de serviços para o município e alvo de algumas polêmicas.

Serviço que o secretário não supervisiona, não fiscaliza e parece não pagar em dia. Em política, um dos bens mais preciosos, depois da honestidade e do espírito público, é a lealdade para com os companheiros de luta.

Independente de partidos há que se ter lealdade, honrar os acordos e a palavra empenhada. Não duvido da lealdade do secretário e nem do apreço que nosso prefeito nutre por ele. Mas insistir no erro é a insensatez continuada.

Há outros setores da administração pública onde os serviços advocatícios do secretário de Cultura podem ser necessários. Onde ele possa se destacar por sua competência e qualificação profissional. Não há advocacia no município? Para essa função, com toda certeza, o secretário advogado está apto.

Outra função que o manteria próximo, já que o senhor, prefeito, não abre mão de colaboração tão imprescindível, seria a Chefia de seu Gabinete. Mas, por favor, preserve a nós, comunidade cultural e o seu governo, desse pesadelo.

Senhor Prefeito, não duvide: essa conta lhe será cobrada por toda a comunidade artística e cultural de Santarém, e a pendência transborda o limite da tolerância.

Paulo Cidmil

Diretor de produção artística e ativista cultural. Santareno, escreve regularmente no portal JC. Ele pode ser visto no…

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4 Responses to A insensatez continuada em não exonerar o secretário de Cultura. Por Paulo Cidmil

  • O Pixica controla os grupos folclóricos através do folclórico ex-vereador Jackson da Bigbem, que manipula os grupos e faz tudo que o secretário manda.

    Os grupos folclóricos são culpados e tem o Secretário que merecem, pois, são desunidos e um querendo prejudicar o outro, aceitando qualquer coisa para ficarem calados com os desmandos do Pixica, que sabe que nem precisa ofertar nada para qualquer grupo folclóricos basta dizer para cada uma que a Secretária não irá ajudar seus rivais.

    E assim, sem precisar dar nada e contando com a desunião dos grupos folclóricos, Pixica segue livre para desfazer a cultura e o folclore de Santarém.

  • Numa terra distante, encravada no meio da floresta, existia uma cidade chamada Cipoalândia, onde o povo era pacífico e condescendente com as velhas práticas de seus caciques. Um deles, embora coxó, era quem ditava as regras e decidia que iria assumir as chefias, inclusive os curandeiros, os ensinadores (neste caso ele escolheu a própria irmã) e o juiz da festa (aqui ele escolheu um selvícola que pouco ou nada entende de festa). Mas se ele não entende de festa, entende muito bem “cobrar um por fora”. Conta a lenda que certa vez, para concordar com a venda de uma determinada marca de “tarubá” na maior festa folclórica de Cipoalândia, o secreta, digo, juiz, pediu uma ajuda de custo por fora…E ao que tudo indica, a chuva caiu na horta do juiz. E segundo as línguas de trapo de Cipoalândia, essa é uma prática contumaz do juiz da festa. Se é verdade eu não sei, mas que até hoje ele é quem decide que marca de tarubá a “saraipora” ira tomar. Mas e o povo? Nada tem a declarar, pois ama o coxó e seus escolhidos. Surgia aqui a já calejada frase: cada povo tem o governante que merece.

  • Esse episódio envolvendo o Festival Folclórico deixa evidente que houve descaso. E a responsabilidade maior é do prefeito municipal, Nélio Aguiar, afinal é ele quem está no comando de Santarém.

  • Perguntar não ofende. Por que o festival não foi realizado no ginásio estadual, onde tem todo estrutura inclusive arquibancada??

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