
Nas espécies de família, a minha é daquelas que primos são como irmãos. Um número grande de moleques pelo quintal da vó, brincando de tudo que é jeito. Nossas lembranças possuem cheiro, cor e trilha sonora.
Há uma faixa etária, e algumas naturais aproximações por idade, afinidades e outros aspectos, mas em geral, eram todos juntos e misturados.
Quando alguns chegaram na adolescência, outros já gozando de mais maturidade, eram então esses como irmãos mais velhos. As meninas costumavam ter em seus début’s na noite a companhia de algum primo, para servir de boas vindas, que no caso era o mais festeiro.
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Há uma vertente nordestina na minha família, e alguns primos nasceram em Pernambuco. Parte da vida viviam aqui, outra lá. Certa vez ganhei uma viagem no auge da minha juventude. Os tios quiseram me proporcionar uma convivência que pudesse criar memórias afetivas, tais que estou agora compartilhando.
Férias de junho, destino foi Recife e depois Caruaru. Peguei um Navio da família Corrêa, e fui parar em Belém. Quem de Santarém em uma época não tinha casa de parentes pra se hospedar na capital? Foi meu caso, mas logo fui para a Rodoviária e parti de ônibus às terras pernambucanas.
No caminho fui imaginando um encontro com Suassuna, um papo ranzinza sobre guitarras! que tal?? Se me revelasse um grande mentiroso?? Um típico mentiroso mocorongo, quem sabe não lhe inspiraria.
Eita viagem longa. A Serra das Russas quando foi superada, tive medo. Logo estava em Recife, capital do frevo, do galo da madrugada, de um nordeste urbano, de Boa Viagem, de dia vazia, de ruas lotadas, uma Recife início do século em plena ascenção vertical, com seus prédios invadindo as áreas nobres, perto de um mar muito lindo, um caso aqui e ali dos famosos ataques de tubarões.
O que me aguardava? Estava vivendo uma inesquecível viagem, daquelas que passam a morar dentro da gente, e na linha do tempo, junto com acontecimentos que sempre saculejam o peito e pede lá um certo dia…uma lágrima…
(continua)

➽➽ Jorge Augusto Morais, o Jorge Guto, é santareno, formado em direito e aprendiz da crônica reflexiva, em prosa, influenciado por uma tia, professora de literatura brasileira. Desde criança lê contos e escreve sobre dramas humanos universais, tendo como cenário uma Amazônia que pode estar na informalidade e no inusitado.
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