O artigo CITA, sabedoria ancestral de respeito, de Iza Tupaiu, suscitou o comentário abaixo, do professor doutor Anselmo Colares, da UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará):
Iza, parabéns pelo texto. Vejo com entusiasmo sua busca de aprimoramento intelectual para poder saber manusear as armas do dominante e utilizá-las a serviço da causa de seu povo, o qual não é tão diferente do restante da população que vive à margem das conquistas que a humanidade hoje pode desfrutar.
Recentemente estive em duas comunidades (aldeias) localizadas na Flona Tapajós e testemunhei o quanto estas populações estão firmes em suas lutas, sem desprezar o suporte das instituições, mas recusando-se a serem cooptados para os propósitos “civilizatórios”. Trata-se, portanto, de uma postura que é produto de um duro aprendizado, do qual a história nos fornece fartos registros.
Embora eu não integre o movimento, sinto que em minhas veias ainda há algum resquício do sangue indígena de meus antepassados. E hoje, como doutor em educação, acredito que possa dar alguma contribuição na área em que atuo para com a causa justa que move o povo indígena em busca de inserção nas conquistas da humanidade, sem que para isso tenham que ver suas raízes arrancadas e seus frutos serem descartados, por uma suposta melhor forma de viver.
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Estou me dedicando a estudar a educação escolar indígena, e assim, poder dispor de meios para compreender e agir na busca de melhorias para este processo, a partir do entendimento de que não podemos pedir e nem aceitar que a instituição escola, seja em áreas indígenas ou não, continue a ser instrumento legitimador das diferenças.
A escola precisa trabalhar com a diversidade, mas sem que isto signifique perder de vista a perspectiva de uma educação emancipadora, de uma educação omnilateral, que seja possa promover o respeito ao outro, sem que isto signifique anular suas particularidades, mas também sem alimentar a formação de guetos. Eis um grande desafio para educadores, e para todos os que lutam por justiça e equidade.
Por fim, quero me manifestar a respeito da UFOPA ser uma das instituições que contestou o relatório antropológico. Não tenho maiores informações do que está aqui divulgadas, mas senti o quanto esta atitude causou desconforto nas localidades em que estive visitando. E, como se diz popularmente “sobrou pra mim” como docente da instituição, embora eu não possa responder por ela.
Como disse muito bem o professor Everaldo, tem que ver qual UFOPA, quem da UFOPA fez tal contestação, e em que termos foi feito. A universidade é plural, e assim deve ser. Nela estão desde os que produzem, difundem e defendem certas idéias, até os seus mais ferrenhos opositores.
Estão também os que apoiam e aplaudem governantes, e os que lutam para derrubá-los. MAS, acima de tudo, estão também pessoas que se esforçam para que possam conviver de forma respeitosa, mesmo que pensando e agindo de forma tão antagônica. E é isto que faz da universidade uma instituição tão singular e tão importante para a sociedade.
Chega por ora, vou aguardar novos comentários para, quem sabe, voltar a este debate.
Seguindo os esclarecimentos com relação aos temas tocados em particular por, Rosivete, Everaldo e Anselmo com relação a UFOPA e a assinatura conjunta com o IBAMA e ICMBIO da contestação do relatório antropológico de Edwigs da FUNAI sobre a demarcação do Território Indígena Munduruku das aldeias Takuara, Bragança e Muratuba atingidos pela Floresta Nacional do Tapajós em 1974. Concordo a principio em gênero número e grau sobre o papel da UFOPA e a pluralidade de ideologia e comportamento que se conforma no seu interior, contudo essas formas de expressar suas distintas opiniões e atos, não podem violar os direitos e tampouco atentar contra grupos sociais menos favorecidos, como é o caso os Povos Indígenas, é lamentável dizer, mais, seja quem quer que tenha assinado o relatório de contestação a demarcação do território Munduruku fez em nome da UFOPA e esse processo prejudicou a garantia dos direitos indígenas e postergar a garantia jurídica do território Munduruku. Que aconteceu com a contestação? Como, se trata de uma contenda entre órgãos federais: FUNAI, IBAMA, ICMBIO e UFOPA, a FUNAI por um lado, a favor e o IBAMA, ICMBIO e a UFOPA, contrários, isso precisa ser resolvido entre ambos por um tribunal. Quem esta prejudicado, os indígenas, porque? o problema aqui é a postergação do direito coletivo do Povo Munduruku que já esperam 6 anos a publicação do relatório e a demarcação jurídica de suas terras, o incrível aqui é que desde de abril o CITA e os próprios indígenas afetados diretamente temos reclamado e a UFOPA não deu nenhuma resposta sobre esta questão e como conheço Everaldo e o Anselmo sugiro umas ideais para ajudar e minorar os impactos que essa assinatura tem gerado para a garantia dos Direitos Indígenas: que a UFOPA deveria, abrir um processo administrativo e esclarecer a opinião publica este episodio; retirar o apoio da UFOPA contra a demarcação do Território do Povo Munduruku e finalmente criar um Grupo de Trabalho de Investigadores dentro da UFOPA para apoiar o CITA na luta pela defesa, proteção e garantias dos direitos indígenas no Oeste do Pará.