Mulheres e homens: a criminalização das relações e a solidão humana. Por Válber Pires

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Mulheres e homens: a criminalização das relações e a solidão humana. Por Válber Pires. Por Válber Pires
"Gente, essa loucura de gênero precisa ter um limite". Foto: reprodução

Toda nudez será castigada? Uma estudante de psicologia aparece nas redes sociais denunciando importunação sexual contra mulheres num bar da Cidade Velha, em Belém (PA). Denuncia que os homens ficam olhando fixamente para as mulheres dançarem, que dançam muito colados nas mulheres, que deixam uma mão boba na dança etc…

Gente, essa loucura de gênero precisa ter um limite. É importante lembrar que o movimento feminista, originalmente, nasceu sob, dentre outras, a bandeira da liberdade sexual das mulheres. Inclusive, as festas raves tiveram como origem a união entre o funk e as batidas eletrônicas da banda alemã Kraftwerk no final dos anos 1970 e início de 1980, e elas nascem sob a bandeira da liberdade sexual.

Antes disso, o Woodstock, em plena década de 1960, já celebrava o sexo livre e o próprio uso de drogas como críticas ao conservadorismo, ao consumismo desenfreado e ao esfriamento das relações humanas por uma sociedade capitalista submetida ao trabalho intensivo, ao lucro, à acumulação patológica de riquezas e ao individualismo atomizante.

Havia, nestes contextos, toda uma crítica sobre a repressão sexual das mulheres e o adoecimento psicoemocional destas, principalmente baseado nos estudos do Freud, da Margareth Mead, da Simone Beauvoir, suas continuadoras e seus continuadores. E havia uma crítica pesada sobre o conservadorismo social, que condenava, repreendia e reprimia a liberdade sexual feminina.

Hoje, a situação se inverteu, e o conservadorismo sexual parece ter se tornado uma bandeira do novo feminismo… Parece que essas novas feministas nunca leram adequada e rigorosamente a história e a literatura feminista; não possuem qualquer embasamento teórico, filosófico e socioantropológico mais profundo e vasto.

São meras soldado de uma guerra de gêneros que tenta, a todos custo, criminalizar a sexualidade, as relações conjugais de gênero, os flertes e as cantadas normais entre homens e mulheres, quando a proposta original é a luta por igualdade estrutural de gênero, liberdade sexual, crítica ao conservadorismo, emancipação emocional e psicológica das mulheres.

Pior, há quem tente se beneficiar da mercantilização das justas demandas das mulheres por direito e igualdade, seja por ver na causa uma forma de mera ascensão política seja por ver nela fonte de ganhos financeiros. Os reflexos desse desvirtuamento da causa feminista se traduzem de várias formas e um deles é o crescimento da solidão feminina, da solidão masculina e, portanto, da solidão humana.

Em vários países da Europa, no Canadá etc. houve uma extrema regulação das relações de gênero, a ponto de qualquer denúncia de assédio por parte das mulheres ser tratada como prova de crime cometido. Isso tem causado terror nos homens de se aproximar das mulheres, o que os leva a evitar ao máximo qualquer tipo de relação com elas.

Há um influencer britânico, por exemplo, que expõe em seus vídeos a enorme quantidade de mulheres solitárias nas ruas das grandes cidades da Inglaterra, embriagadas, muitas se jogando sobre os homens, mas estes as evitam de todas as formas por medo da judicialização do seu comportamento.

Não existe emancipação sob a repressão das relações de gênero, do amor, das paixões e da sexualidade. Um flerte ou tentativa de flerte não pode ser criminalizado sob o risco de você destruir os vínculos mais profundos das relações e integrações sociais que decorrem, em grande medida, dos desejos e sentimentos amorosos e sexuais, instintivos e irracionais dos seres humanos.

Há uma antifilosofia para ser cortês, comandando a cabeça dessas feministas, pois, de uma afirmação plena do ser humano e da vida, como prega a fórmula emancipatória nietzscheana que embalou os movimentos culturais emancipatórios no ocidente, está-se diante de uma negação e regulação completa dos sentimentos, desejos e das relações conjugais entre as pessoas.

Alguém precisa avisar essa moça que se toda nudez for castigada a humanidade pode ser extinta…


Válber de Almeida Pires, paraense, é doutor em sociologia. Escreve regularmente no JCLeia também delePerigo: médicos brasileiros se declaram negacionistas e terraplanistas. E aindaO poder evangélico nas investidas sobre os conselhos tutelares. E maisA decisão de Moraes contra o estado de natureza.

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