
Assim como todo o corpo tem sua sabedoria e se protege quando necessário, o corpo e a mente infantis também contam com esse preparo.
No público caso, onde um adulto ultrapassa os limites inconscientes e gentilmente impostos de uma criança, seu corpo envia sinais de alerta e assume uma posição de defesa.
Ele demonstra desconforto e delicadamente se mantém onde está, mantendo a pouca distância que consegue colocar.
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Quando os adultos em volta riem e aplaudem o contato inesperado, sua mente pode se confundir, porque para uma criança é difícil imaginar que um adulto esteja errado.
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Em sua pouca experiência de vida, adultos sabem sobre tudo. E talvez aí, pela primeira vez, essa criança comece a duvidar de sua percepção e capacidade de reconhecer uma ameaça.
Portanto, ouvir uma criança, entendê-la para além de suas palavras, exige delicadeza. E respeitá-la exige aceitar sua sabedoria e conhecimento sobre si mesma. Ele estava desconfortável, e se o tivéssemos vendo e ouvindo de verdade, poderíamos ter evitado que passasse por tudo aquilo.
Ninguém, nem mesmo uma “autoridade espiritual” sabe mais sobre nós do que nós mesmo, e isso, como ficou escancarado, até uma criança pode ver.

Luanna Silva
Mora em Santarém, onde se fez e concluiu o curso superior em Psicologia. Escreve regularmente no JC. Ela pode ser encontrada em @luannasilva_psi
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