Piloto santareno que viveu 36 dias na floresta é denunciado pelo MPF por carga ilícita

Publicado em por em Justiça, Pará

Piloto santareno que viveu 36 dias na floresta levava carga ilícita para garimpo, denuncia MPF
Toninho Sena, denunciado pelo MPF em dezembro passado. Foto: Arquivo/JC

O MPF (Ministério Público Federal) ajuizou denúncia contra o piloto comercial santareno Antônio Araújo de Sena por colocar vidas e bens privados em risco ao pilotar uma aeronave sem condições de voo, transportando carga ilícita para um garimpo ilegal. Se condenado, ele pode pegar uma pena de 4 a 12 anos de detenção. A informação é do site Infoamazônia.

Em 2021, Toninho Sena se tornou notícia internacional ao sobreviver a um desastre aéreo e ficar 36 dias desaparecido em uma parte remota da floresta amazônica. Após a queda, o piloto deu entrevistas, palestras, escreveu um livro e ganhou dezenas de milhares de seguidores em redes sociais ao contar sobre sua jornada na floresta.

Em 28 de janeiro do ano passado, o piloto decolou de uma pista no município paraense de Alenquer para transportar mantimentos e diesel para a manutenção do garimpo ilegal Treze de Maio, na Reserva Biológica Maicuru — localizada entre os rios Maicuru e Jari, na fronteira entre o Pará e Amapá. De acordo com o MPF, além da falta de registro, há duas investigações sigilosas relativas a crimes cometidos em decorrência das atividades do garimpo Treze de Maio. 

Sena contou, em depoimento, que foi contratado por R$300/hora pelo garimpeiro Edivaldo Paiva Carvalho para transportar aproximadamente 600 litros de óleo diesel e alimentos que comporiam as refeições no garimpo. Carvalho também é denunciado no inquérito do MPF, bem como João Batista Ribeiro, conhecido como “Tuchaua”, apontado como dono do garimpo Treze de Maio. 

A denúncia do MPF destaca que o voo estava em desacordo com orientações e autorizações da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) por ter como destinação uma pista não homologada pelo órgão e por ter decolado com 135 kg de sobrecarga. Um laudo pericial realizado após o resgate de Sena também constatou que a aeronave tinha um “sistema elétrico inoperante e uma condição aerodinâmica degradada”. 

Toninho Sena virou celebridade. Deu entrevista até ao New York Times. Foto: Divulgação/SBT

Assinada em 15 de dezembro, a denúncia aponta que ao realizar o transporte de óleo diesel de forma não autorizada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), somado ao fato de que o avião realizaria o pouso em pista não homologada em um garimpo ilegal, por si só configuram delito, “visto que essa conduta, de fato, coloca em risco a incolumidade pública e a vida de número indeterminado de pessoas, na medida em que, com a inobservância das regras de segurança para o referido voo, poderia causar um sinistro maior do que aquele de fato observado à espécie”, crime imputado no artigo 261, parágrafo 1º do Código Penal. 

A Polícia Federal investiga ainda o avião Cessna 210, pilotado por Sena, em um inquérito que aponta que a aeronave seria usada por uma organização criminosa no tráfico de armas e de drogas.

Leia a íntegra da reportagem neste link.


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