
Nesta quinta-feira, dia 28 de agosto, a Justiça Eleitoral irá realizar mais uma audiência, dando início ao que poderá se tornar processo de cassação da chapa José Maria Tapajós/Carlos Martins. E a anulação da eleição 2024. Com consequências para Nélio Aguiar dentre outros políticos.
Desconheço os argumentos do Ministério Público, acompanhei as eleições e não se trata de evidências, são crimes eleitorais em sequência e quantidade para todos os gostos. Não irei mencioná-los porque já o fiz aqui neste artigo.
Foram-se oito meses, mais o período de transição, e o governo Zé Maria está sendo o que se previa, são muitos os mandatários desse condomínio. De bom apenas o excelente trabalho das secretarias de Cultura e Turismo.
Há problemas por todos os lados, com destaque para a situação calamitosa na Saúde, herança de Nélio Aguiar. Nem a proximidade do secretário municipal Everaldo Martins com o ministro da Saúde é capaz de nos dar esperança. Ou falta projeto ou falta gestão. Ou os dois.
— ARTIGOS RELACIONADOS
Todos os dias nos deparamos com problemas de infraestrutura, mobilidade, lixo, saneamento; casas não foram entregues, ônibus elétricos ainda estão na China, ambulâncias desapareceram e as parcerias esperadas pelo Zé evaporaram, sumiram na pororoca junto com o governador que só pensa em COP30 e como tirar um tal Dr. Daniel da próxima eleição.
Talvez esteja pensando ser melhor perder os anéis e conservar os dedos. Largar o Zé à própria sorte e à aplicação da Lei Eleitoral e empenhar seus esforços, prestígio e arte&manhas para tirar Dr. Daniel do campo de jogo. Esse pode impor uma derrota aos Barbalhos, se ele for inteligente o suficiente para não se opor a Lula.
O crime eleitoral não é um assalto à mão armada, vem travestido de legalidade, é dissimulado e sua defesa é o cinismo. Se a independência entre os poderes valer por aqui como está valendo para as interferências externas e o trabalho do MP estiver bem fundamentado nas provas, todas de conhecimento público, podemos ter uma reviravolta.
A população de Santarém poderá ser convocada para novas eleições, dessa vez limpas e com isonomia. Essa é uma questão grave, pode interferir na vida de todos e me espanta os meios de comunicação silenciarem sobre o assunto até o momento.
A Justiça Eleitoral acatando a denúncia do MP, iniciando um processo que poderá resultar em cassação, a lei nos prestará um precioso serviço, dando fim a um ciclo danoso, quando o interesse público esteve subjugado aos interesses de grupos privados.
Período que se inicia com um porto criminoso e a destruição de uma grande e aprazível praia no coração da cidade. E também de grande especulação sobre a terra na região do Planalto, sob o comando de Lira Maia. Especulação que hoje ocorre no Eixo Forte sob a batuta de Nélio Aguiar.
Na eleição que está sendo questionada, me manifestei a favor de um candidato outside que se embrenhou nas fileiras do bolsonarismo. Vislumbrei a possibilidade de ruptura desse ciclo de 28 anos, caracterizado pela apropriação do aparelho público por grupos políticos. À época, os identifiquei como viciados no orçamento do município.

Uma nova eleição encerrará esse ciclo sem que tenhamos que apostar em candidaturas identificadas como um mal menor, ou que devido as circunstâncias possa significar uma ruptura com o status quo vigente.
Novos nomes emergirão renovando a cena política. Todos os principais caciques que estiveram e ainda estão no poder, estarão fora de combate.
Lira Maia, que tem ótimos advogados, eles prolongam seus processos ad infinitum, coleciona condenações em série. Se provar que não desviou o dinheiro da merenda, livros, uniformes e de boas escolas para nossas crianças, estará apto a voltar à vida pública. Se isso não ocorrer, sua biografia se resumirá a uma palavra: ladrão
Maria do Carmo, em sua última aparição pública na praia do Maracanã, surgiu elogiando um viaduto ao qual chamou de Praia Suspensa, me pareceu que anda lendo muita história em quadrinho e seu herói é o pateta.
Nélio, que corre o risco de inelegibilidade por colocar a máquina pública à serviço da eleição do Zé Maria Tapajós, está fora do páreo e fora da cadeira de prefeito, sem poder para interferir no processo. Alexandre Von, sem padrinho, não conseguiu votos para ser vereador.
Os três primeiros ocuparam a prefeitura com suas respectivas curriolas por 24 anos, juntaram-se para eleger Zé Maria, jogador polivalente que dançou quadrilha junina em todas as administrações, até chegar a sua vez. Passaram o trator nas regras eleitorais com a benção do histriônico governador.
Não há como fugir aos partidos, mas é possível uma renovação com novos candidatos, ideias e projetos. Novos nomes se apresentaram na última eleição. Outros podem surgir para renovar a cena política.
Eleição, caso ocorra, não credencia JK como favorito, ele vem se dilapidando politicamente agarrado a um espantalho. Sua visibilidade como blogueiro e digna atuação como vereador foi que o credenciou, seu nome já era um dos favoritos quando ainda estava no PSDB. Ele precisa de ideais para chamar de seus, Deus, pátria e família é vergonha nacional.
Sua inexperiência política e convivência cotidiana com o bando de malucos, conforme dito por seu mito, o alinha a um meliante que não se deve pronunciar o nome, batedor de carteira de brasileiros crédulos, preconceituosos, moralistas, com inclinação ao autoritarismo, através do pix. Alinhamento sem causa que coloca JK em situação difícil, e que irá se agravar em 2026.
Seu pai, velha raposa da política local, transitou de um lado ao outro com enorme instinto de sobrevivência, se vivo fosse, já teria dito, “meu filho, não seja ingênuo, se afaste de satanás e preste atenção nas suas companhias”. Passarinho que anda com morcego acorda de cabeça pra baixo.
Sabemos há algum tempo que estamos submetidos a uma polarização que se acirra a partir de 2014, e só agora, 11 anos depois, começa a dar sinais de haver exaurido a paciência do povo brasileiro.
Temos uma quantidade absurda de partidos, mas na prática vivenciamos a existência de dois. O PTismo e o antiPTismo, esse último teve como elemento catalizador o discurso reacionário e odiento do patriota traidor da pátria.
Quanto ao PT, apesar da diversidade de seus filiados, é de um caráter ideológico bem homogêneo em todo o país, seus acertos e erros são o seu problema. Seus acertos incomodam as elites econômicas, mas são os erros que dão os argumentos para sua derrocada.
Corrupção, distanciamento das populações pobres e periféricas, presentes apenas nos discursos; deslumbre com o poder, resistência à críticas e a autocrítica, tendência autocrática de muitos de seus dirigentes que pensam ser os únicos que sabem o que é bom para o Brasil e seu povo. O deslumbre levou uma casta de petistas a um aburguesamento esquisito, de difícil conceituação. Tipo novo rico com afetação proletária. Só São Lula na causa.
Como entusiasta das políticas de inclusão e igualdade, eleitor de Lula, lamento pelo o que o PT se tornou. Partido onde milita Airton Faleiro, um político exemplar, de grande sensibilidade social. Tenho esperança, ao descer a Moraes Sarmento, avistar uma casa com pintura e mobília nova e uma placa onde estará escrito: sob nova direção e novas ideias. Casa do Trabalhador.


⚀ Paulo Cidmil (*) é diretor de produção artística e ativista cultural. Santareno, escreve regularmente no portal JC. Ele está no YouTube e no Instagram. Siga-o nessas plataformas! Leia também dele: Após a vitória envergonhada, Zé enfrenta a hidra de 7 cabeças. E ainda: Protagonismo amazônida.
— O JC também está no Telegram. E temos ainda canal do WhatsAPP. Siga-nos e leia notícias, veja vídeos e muito mais.
Deixe um comentário