
A serra mais famosa do balneário de Alter do Chão, em Santarém, oeste do Pará, foi rebatizada e ganhou o nome original no Google Maps, o serviço gratuito de mapas online e imagens por satélite da gigante das buscas na internet.
O termo que constava até pouco tempo no programa da Google, Pira Oca, foi substituído pelo original Piroca.
O segundo termo “faz todo o sentido”, escreveu Florêncio Vaz, professor-doutor da Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará), em debate no Blog do Jeso em outubro de 2019.
“No Tupi (e hoje no Nheengatu), a palavra significa pelado, careca. Após séculos em que os nativos usavam esta expressão, ‘Serra Piroca’, nos últimos anos em Alter e Santarém alguém começou a divulgar essa versão de ‘pira-oca’, como se estivesse mais fiel a uma suposta raiz etimológica, e isso logo ganhou a internet e as reportagens de TV”, escreveu Florêncio Vaz na época.
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Quem sugeriu a mudança ao Google

Jornalista e blogueiro, Fábio Barbosa também participou do debate no blog. Foi ele que, após as discussões, solicitou ao Google Maps o resgate do nome original.
“Usei a ferramente do Google que permite sugerir alterações nos nomes”, relatou.
“Essa iniciativa pode parecer mínima, mas tem impacto na divulgação turística de Santarém. Antes estava Pira-Oca, agora está Piroca, como historicamente sempre foi”.
Para Fábio Barbosa, a mudança “ajuda nas buscas na internet pelo destino turístico e evita a duplicidade e confusão da divulgação”.
Cronologia do debate
15/09/2019
Telmo Moreira publica o artigo Catraieiros e lancheiros em Alter do Chão: a harmonia possível. Nele, o médico se refere à serra como Pira Oca.
03/10/2019
Helvecio Santos publica Sobre a Serra Piroca, com um dicionário à mão. Nesse artigo, diz que, para não persistir no erro, também passaria a adotar o nome Pira Oca, e não mais Piroca.
08/10/2019
Rubem Miranda Chagas faz contraponto a Helvecio Santos afirmando que o nome originário é Piroca, “de vegetação rala, arbórea, xerófila”. Ao final, o engenheiro sugere “uma discussão a respeito”.
10/11/2019
O professor Ormano Sousa e o jornalista Fábio Barbosa entram na discussão. E defendem o nome original.
11/10/2019
Florêncio Vaz também entra na discussão com o comentário Pira Oca se baseia na compreensão errada do Nheengatu, em que defende o termo Piroca.
Novembro de 2019
Fábio Barbosa solicita ao Google a troca de Pira Oca por Piroca. A empresa norte-americana acata a sugestão.
Definitivamente, não é uma formação natural. Tenho certeza que essa pirâmide foi construída por uma civilização antiga há centenas ou alguns milhares de anos.
mas essa é uma noticia de altíssima relevância.. diria até que é o furo do ano, afinal muitas vidas dependiam dessa informação…. acho que nem a cura do câncer se assemelha em importância a essa noticia… falta do que fazer.
E o tempo que levastes para ler e escrever a asneira desse comentário? Vai trabalhar, vagabundo…rsrsrs
se eu sou vagabundo…. você seria o que? …. meu mestre?
Se vc me tacha de vagabundo, desse ser um subproduto da vagabundagem.
só estou retribuindo de forma amplificada o elogio que você me fez.
Seria um excelente local para um restaurante panorâmico, com toda a estrutura pro turista e pro morador local.
Parabéns ao jornalista que tomou providências práticas para a correção do nome, obrigado ao Jeso, pois foi aqui no Blog que eu tomei conhecimento da polêmica. Algo aparentemente banal tem um grande significado na defesa das nossas coisas e dos nossos nomes também. Tem outros casos, como o da “Castanha do Pará”, termo que vem da época em que Pará significava praticamente toda a região hoje conhecida como Amazônia. Era a província do Grão Pará. Atualmente, instituições governamentais e não governamentais, pesquisadores e jornalistas tem insistido em “Castanha do Brasil”, a partir de argumentos comerciais. Para mim, a castanha “made in Brazil” continua sendo a Castanha do Pará.
Obrigado, Florêncio, por sua oportuna intervenção no debate.
O debate foi ótimo pois esclarecedor. Pena que alguns levem para o lado pessoal o que não contribui em nada. A propósito, Florêncio, há tempos escrevi no Blog e propus uma discussão sobre o nome do Mirante, onde eu entendia que deveria ser “do Tapajó” e não do Tapajós, como é. Penso que “do Tapajó” remete ao povo que nos deu origem e não do Tapajós que remete ao rio, obviamente. Do Tapajó, entre outras coisas, levaria o turista a perguntar o por que do termo Tapajó e aí venderíamos nosso peixe, que é o sonho de sermos identificados como tapajoaras e termos o nosso estado. Se vc concorda com esse meu entendimento, vc não gostaria de escrever algo sobre isso? No mais, antecipadamente receba meu muito obrigado. Com o respeito devido, abraços, Helvecio
Pensar que a hipocrisia do cidadão do bem quer mudar até os nomes de nossos pontos turísticos. E vamos a piroca.
Acabei de procurar lá e continua Pira-Oca. Tem certeza que mudou? Não foi só no perfil de vocês?
rala
Parabéns pela iniciativa. Sempre me incomodou a utilização do termo Piraoca em nome de um falso moralismo. Certa vez acompanhei uma apresentação do Padre Sidney Canto demonstrando a toponímia Piraoca como precursora. O índio sempre foi muito preciso na denominação geografica, jamais fez sentido ” Piraoca” = Casa de peixe, no alto de um monte. Sendo que a denominação Piroca = Careca é mais condizente com as característica daquela localidade., o topo de um monte com vegetação fala.