Uso de celular: escola e família precisam debater o controle. Por Luanna Silva

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Uso de celular: escola e família precisam debater o controle. Por Luanna Silva
"Eles [os celulares] estão por toda parte, nas mãos quase que de todos...". Foto: reprodução

Como forma de cuidado com os estudantes, a proibição do uso de celular nas escolas acaba os colocando ainda mais perto do desamparo. 

Com a estrutura atual, a presença de celulares em sala de aula pode ter se tornado empecilho para a transmissão do conteúdo. No entanto, sua onipresença retrata a realidade de forma sincera e irrevogável: estamos, sim, cada vez mais conectados e dependentes. 

Eles estão por toda parte, nas mãos quase que de todos, e os que ainda não possuem estão certos de que chegará o seu momento.

Diante de um fato como esse, de que temos o celular cada vez mais como um acessório de primeira necessidade, é mais coerente encará-lo como é de fato em sua importância e discutir normas e regulamentos de uso, mais do que sua simples abolição, como um instrumento maléfico, mas que ora, apenas obedece aos nossos comandos.

Uma regra como proibição, sem possibilidade de argumentação e pouca flexibilidade, além de parecer extrema, nos tira a oportunidade de fazer com que crianças e adolescentes enxerguem o celular também como ferramenta de educação e propor uma análise crítica sobre sua participação e importância na vida particular de cada um, algo também para ser discutido, avaliado e modificado em família.

A escola não pode ser a única responsável pelo debate e tentativa de controle sobre o uso de algo que se torna cada vez mais particular, como o celular.  

O uso saudável para a o dia a dia, informações compartilhadas na rede, formas de relacionamento, legislação, as possibilidades quanto à geração de renda, crimes de internet e cyberbullying, fake news e conteúdo consumido já deveriam ser discutidos entre escola e família e colocados para o adolescente como um assunto que exige maturidade, perspectiva e respeito.

Afastar-se desses debates parece empurrar com a barriga e deixar para se preocupar mais tarde. Colocando como culpados os instrumentos e isentando de reflexão e responsabilidade quem os manuseia, dando a entender que não temos capacidade crítica e que precisamos ser orientados por uma questão que nos é própria: como posso fazer com que o uso do celular não me prejudique? Que intenções ou relações busco aqui e como equilibrar com o mundo fora do virtual? 

Além disso, é quase certo que a primeira pessoa que uma criança ou adolescente viu usando um telefone celular foram seus pais, sua família, em casa.

A quem deve se dar a responsabilidade sobre apresentar o celular e o espaço que pode ter em sua vida então? Por que é a escola que precisa lidar com isso, transformando professores em fiscais e a escola em um lugar que já começa com um NÃO PODE. 

Precisamos conversar sobre isso agora, como precisávamos ter conversado antes de uma decisão já tomada. Temos uma grande responsabilidade com essa questão e não podemos fugir disso. 


➽➽ Luanna Silva é de Santarém (PA), onde se fez e concluiu o curso superior em psicologia. Escreve regularmente no JC. Leia também dela: O luto das mulheres: um corpo, um alvo, o medo. E ainda: Julieta, sonho de palhaça em duas rodas fulminado.

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