
Depois de um imbróglio causado pela rejeição da candidatura do ex-presidente Lula (PT) no Tribunal Superior Eleitoral, o Ibope finalmente divulgou sua mais recente pesquisa para a corrida presidencial na noite desta quarta-feira, 5.
Os resultados apresentados, segundo o site Vice, não são necessariamente surpreendentes, mas mostram um quadro inicial da fragmentação dos votos de Lula há quase um mês para o primeiro turno.
A primeira surpresa é o crescimento de Ciro Gomes (PDT), que ganhou três pontos e foi a 12% de intenções de voto, empatando com Marina Silva (Rede).
Jair Bolsonaro (PSL) também se aproveita da ausência de Lula, o chamado efeito “bolsolula”, e ganha dois pontos percentuais, liderando a pesquisa com 22%.
Na turma do “cresce dois pontos” também estão Geraldo Alckmin (PSDB), que subiu de 7% para 9%, Fernando Haddad (PT), que passou de 4% para 6%, e João Amoêdo (Novo), que foi a 3%, empatando com Álvaro Dias (Podemos).
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Um detalhe importante é a queda de votos nulos e brancos — na pesquisa anterior que mostrava Haddad como candidato, realizada entre 17 e 19 de agosto, 29% declaravam que invalidariam seus votos, e agora o índice caiu para 21%, mostrando que ainda há um espaço de disputa de voto para além dos que se dizem indecisos.
O que cresceu desproporcionalmente foi a rejeição a Bolsonaro, que saltou de 37% para 44%, indicando um difícil segundo turno para o ex-capitão.
A rejeição de Marina subiu três pontos, para 26%, enquanto a de Alckmin caiu de 25% para 22% (Ciro também oscilou um ponto para baixo).
O impacto da pesquisa deve se refletir no horário político eleitoral, especialmente pelo fato de que Haddad e Alckmin detém a maior fatia do tempo em TV e rádio.
Haddad se vê às voltas com um partido confuso, cujo nome de maior capital político está preso, enquanto o TSE tenta sabotar a presença de Lula no seu horário.
Com 12 inserções em rádio e TV por dia, a missão de Alckmin é desidratar Bolsonaro e tentar uma ascensão parecida com a de João Doria (PSDB) nas eleições municipais de São Paulo em 2016 — com a diferença de que Doria era um desconhecido de baixa rejeição e Alckmin já tem um passivo de quem terminou o segundo turno de 2006 com menos votos que no primeiro.
Os ataques a Bolsonaro já começaram, com direito a declarações pesadas, mas existe um risco nisso, de desidratar os votos de Bolsonaro (ou engajar os nulos e indecisos) em direção a outros candidatos mais bem colocados.
O social-liberal Bolsonaro já decidiu que vai pisar firme no discurso de extrema-direita para garantir que, como está, vá ao segundo turno — até porque começou a contar com o apoio de um time de peso, o dos banqueiros.
A questão para o deputado federal é saber se a rejeição crescente não vai lhe custar o segundo turno, que pode ver uma coalizão ampla (para fora do capital financeiro) formada em torno do seu adversário — é importante lembrar que esta é a primeira eleição presidencial sob as novas regras eleitorais, que ditam uma campanha oficial muito curta.
No fim, o grande beneficiado até o momento é Ciro.
Com uma disputa extremamente polarizada, sua militância deve ganhar corpo ao vislumbrar a possibilidade real de ir ao segundo turno.
Pode ser contraintuitivo, mas a tendência para o primeiro turno de 2018 vai ser a do voto “útil”, afinal, um segundo turno Marina x Ciro ou Ciro x Haddad é um pesadelo para a direita, assim como uma disputa Alckmin x Bolsonaro e até Alckmin x Marina não interessa os politicamente canhotos.
Com informações da Vice
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Nunca Ciro chegou tão perto.
Bem sugestiva esse título da matéria.