
2025 começou com importantes decisões sobre a educação no Brasil: a proibição de aparelhos celulares em escolas e a tentativa até agora de determinar o ensino à distância aos povos indígenas.
Dois posicionamentos difíceis, mas que ainda apontam outra questão intrincada como o fato de terem sido apenas decisões, não debates, algo imposto mais do que discutido e adaptado à realidade, demonstrando o verdadeiro olhar sobre a educação e o ensino: engessado e ultrapassado.
A impressão é a de que não percebemos que hoje precisamos de mais.
Leia também de Luanna Silva sobre o tema:
— ARTIGOS RELACIONADOS
∎ Sem orientação e debate, celular fora da escola vai vingar?
∎ Uso de celular: escola e família precisam debater o controle.
Educar sempre pareceu render uma compreensão particular de que é apenas a Escola que ensina, e que devemos estimular e ao mesmo tempo controlar. Ignoramos (propositalmente) que o maior professor é o nosso exemplo e que nossa visão é nublada sobre onde queremos chegar com isso: queremos apenas trabalhadores competentes ou seres humanos completos, com pensamento crítico e emocionalmente livres?
Faz tempo que a educação precisa ser debatida para ser ampliada, que a relação entre pais, professores e escola precisa ser reconstruída e os alunos compreendidos como também formadores do ensino, participantes atuantes da construção da própria história.
Hoje, em um mundo quase todo tecnológico, fechamos as portas para essa realidade e a colocamos como inimiga e fonte dominadora e até exterminadora da nossa humanidade, ao mesmo tempo que crianças e adolescentes indígenas são tratados como se pudessem apenas ser deixados diante de uma televisão para aprender. Super proteção para uns, descaso para outros.
Hoje, em 2025, professores estão abrindo mochilas para vigiar e punir, caso encontrem um celular, enquanto povos indígenas do Brasil todo saem de suas casas, se reúnem em uma rodovia, enfrentando o inverno, para manterem o direito de ter um professor em sala de aula para suas crianças.
E ainda assim, teremos a certeza de que quem está na Escola hoje, certamente receberá algum conteúdo, mas de fato sabe aprender? Quer investigar e inovar ou apenas não vê a hora de chegar o recreio? O objetivo é ver onde cada indivíduo pode chegar e tem a oferecer, ou apenas passar de ano?
A educação é capaz de revolucionar e mudar qualquer realidade. É flexível, capaz de se adaptar e precisa ser respeitada. É disso que precisamos cuidar.

➽➽ Luanna Silva é de Santarém (PA), onde se fez e concluiu o curso superior em psicologia. Escreve regularmente no JC. Leia também dela: O luto das mulheres: um corpo, um alvo, o medo. E ainda: Julieta, sonho de palhaça em duas rodas fulminado.
— O JC também está no Telegram. E temos ainda canal do WhatsAPP. Siga-nos e leia notícias, veja vídeos e muito mais.
Deixe um comentário