Manoel Moraes

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por Cristovam Sena (*)

Cristovam Sena - Blog do JesoSábado passado, 27 de fevereiro, fui surpreendido com a notícia do falecimento do meu amigo Manoel Moraes.

No domingo (28), participei do seu enterro. O caixão estava coberto com a bandeira do Paysandu. Ele jogou basquete ao lado de Nelson Maués, Zamba, Pelé, Felinto, Maroja, Lula, sob orientação do irrequieto treinador Chico Cunha, formando verdadeira seleção paraense que dominou as quadras de Belém nas décadas de 1960/70.

E esse timaço do Paysandu um dia veio jogar em Santarém, o adversário foi a seleção do Dom Amando.

Brincando com o seu xará Manoel Campos (Manelão), Manoel Moraes apostou que o Paysandu venceria com uma diferença mínima de 50 pontos. No time do Dom Amando, além do Manelão, lembro do Carioca e do Pedro Bafo. A quadra do colégio ainda não era cimentada. No final, a diferença em favor do Paysandu ultrapassou os 50 pontos da aposta.

Manoel era craque em todos os esportes coletivos. Joguei futebol de campo e de salão com ele. Fomos vitoriosos nos dois.

Manoel Moraes, artigo de Cristovam SenaEm pé: Cristovan, Zé Maria e Oneda; agachados, Abdala e Manuel Moraes

Em 1965, conquistamos o primeiro e único campeonato pelo América, time formado em sua maioria por alunos do Dom Amando. Titulo que no próximo dia 20 de março completará 50 anos.

A última e decisiva partida do campeonato foi disputada nessa data, em 1966, contra o Flamengo. Manuel foi fundamental nessa conquista, dentro e fora de campo.

Em 1967, em função da reforma no gramado do estádio Aderbal Corrêa, não foi disputado o campeonato santareno. A família Meschede possuía um terreno na estrada BR 163, o Arraial, e lá foi organizada uma pelada aos sábados.

O poste de uma das traves era uma seringueira. A turma do América brincava lá. Manoel passava por casa e íamos para o Arraial. Depois da bola, tinha a cervejada num bar da Av. Mendonça Furtado. O velho Manoel Moraes, pai do Manoel, era representante da Cerpa. A cerveja ficava por conta do dono bar, que não tinha acertado as contas com o velho Moraes.

No início da década de 1970, foi inaugurada a quadra de esportes da Polícia Militar. O jogo da inauguração foi entre o América e o time da Polícia. Essa partida também dava início à disputa do campeonato de futebol de salão.

Na época, devido ao meu emprego, a cada 40 dias estava em Santarém e o Manoel me inscreveu pelo América para a disputa do campeonato. A torcida da Polícia lotava a quadra, espremendo a inexpressiva torcida do América. Goleamos os donos da casa com um placar que ultrapassou a casa dos dez gols.

Nesse dia, nosso goleiro foi o Zé Maria, irmão do coronel Nunes, atual presidente da CBF. Ele era da Polícia Militar, mas jogava pelo América. Completava o time o Oneda, que trabalhava no 8º BEC; o craque Abdala, o Manoel Moraes e eu.

Pois esse Manoel que eu admirava tanto foi embora. Dominava os fundamentos do futebol como poucos. A condução da bola, o passe, as finalizações, o cabeceio, tudo fazia com maestria. Jogava de cabeça erguida, sua visão periférica do gramado facilitava a execução das jogadas. Jogadas que, muitas vezes, só ele via.

Em Belém, antes dos jogos do Remo (sábado) e Paysandu (domingo) foi prestado um minuto de silêncio em sua homenagem.

Pena que nunca quis ser atleta. Preferiu ser apenas jogador de basquete e futebol!

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* Santareno, é engenheiro florestal e nº 1 do ICBS (Instituto Cultural Boanerges Sena).


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Santareno, ex-jogador de futebol, é engenheiro florestal e nº 1 do ICBS (Instituto Cultural Boanerges Sena).

5 Responses to Manoel Moraes

  • Pai velho deixou muitas recordações, e onde ele estiver sera bem lembrando. Um homem com um coração imenso e uma família maravilhosa que eu amoooo.

    1. Pai velho deixou muitas recordações, e onde ele estiver sera bem lembrando. Um homem com um coração imenso e uma família maravilhosa que eu amoooo.

  • Amigo Cristovam, bela e merecida homenagem ao Manoel Moraes. Eu o conheci de apreciar seu futebol mágico no time do América e de me aproximar das rodas que essa turma tinha no bar Mascote. O Manoel e a bola eram apaixonados um pelo outro e eu, sem ser da turma, ficava por perto para ouvir as histórias que o Manoel contava sobre o futebol de Belém, no seu tempo de craque de futebol de campo do Paysandu. Imagino que essa fase tenha sido antes do basquete a qual você se refere. Uma vez, na arquibancada do mangueirão para um jogo do Paysandu, encontrei o Manoel Moraes e assisti a partida inteira ouvindo os comentários dele sobre o jogo. Uma verdadeira aula. Seria muito pedir ao amigo Cristovam que escrevesse outra crônica falando também do craque de futebol que ele foi no Paysandu?

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